Poeta no divã
[André Argollo. Entre símbolos e a perfeição. Campinas: Ed. do Autor, 2008] Go back to < www.argollo.org >
Bem se sabe,
Como eu sei bem
Que poesia não se explica,
A poesia não se aplica
A uma análise fria
Pois que subliminarmente explicita
Os mais recônditos sentimentos – puros,
Essencialmente humanos,
Profundos, profanos,
Leves, levianos – sagrados,
Mas essencialmente humanos...
E assim sendo
É certo que a poesia excita
E subverte, e incita...
O verso subversivo
Abrange a totalidade,
Unifica...
Universo...
A poesia há de ser acolhida,
Absorvida mais que interpretada,
Introjetada mais que compreendida.
A poesia há de impregnar a alma
E causar sensações
E mexer com os sentidos,
Invadir os olhos, a boca, os ouvidos
E penetrar o corpo
Pelos poros,
Pelos porões,
Pelos íntimos, ínfimos, intrínsecos
Caminhos que levam ao ser
Onipresente, onisciente,
Onipotente poeta
Capaz de reconhecer sua arte
No mais improvável recorte
Do seu próprio vir-a-ser e ficar...
Para sempre imerso numa mais sutil atmosfera.
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