Sobre o poema "Poeta no divã", Suely Adestro disse...
Bem sabemos, mas o que sabemos bem?
Quantos de nós sabemos bem viver, e viver bem?
Talvez, o poeta saiba bem viver, isso porque domina a arte de fazer-se sentir por meio das palavras. Meias palavras envoltas em blumas sem domínio ou censura, quebrando regras e revelando nas entrelinhas – da poesia (feminina) e do poema (masculino) – onipresentes, oniscientes e onipotentes.
Mas, que sentido possui a palavra se não pode ser interpretada? Quiçá dirá! Faz sentido a partir do momento em que a palavra passa a ser parte do imaginário simbólico de cada um de nós. Nós que queremos viver bem!
O poeta bem sabe ser um soberbo subversivo, fragmentando e excitando o ser egóico. Ser de faces, facetado e codificado, que reluta em ser interpretado. O poeta é o resultado de devaneios dos olhos que lêem, dos ouvidos que ouvem e dos dedos que tocam e sentem.
O poeta faz sonhar de olhos abertos, de ouvidos atentos e de sensibilidade à flor da pele.
Pelos íntimos, ínfimos, intrínsecos pêlos íntimos. Pelos poros. Pelos desejos. Pelos prazeres. Prazer de ler com intimidade, introjetando o pulsar poético e desvelando as nossas faces.
Entretanto, o que é ser um poeta? O poeta é o sedutor das palavras, que se deita no divã para absorver o bem viver, pois o seu ofício de escrever co-evolui ante o improvável recorte interpretativo. Afinal de contas, o poeta nos faz bem – o bem viver, e o viver bem!
Eis-me aqui... o divã e o poeta podem e devem dialogar. Um diálogo sutil que remeta a uma interpretação, que não tenha autoria, mas sintonia!
ResponderExcluirVamos ao divã? Poesia pura!
Suely
Eh, poeta! Por que quando você escreve, coloca para fora, algo que não pode mais ser somente seu?
ResponderExcluirA palavra quando vira poesia, não é mais do poeta. É passível de interpretação, portanto, é de domínio público. É do inconsciente coletivo de um, mil, milhões.
Vamos ler mais poesia, pois ela tem o "poder" de nos tocar, assim como todos os nossos sentidos podem captar, e o nosso cérebro decodificar. Mas, no divã é que vamos trazer a tona, aquilo que muitas vezes sofre nas entrelinhas, nos entreversos, versos e reversos.
Vamos, então?
Pois é, minha cara amiga, vamos sim!
ResponderExcluirComeço fazendo uma colocação. Será que o poeta bota pra fora algo que é dele (ou somente dele), ou apenas explicita o que já está no ar? Nesse caso não há "fora" nem "dentro"... e o poeta não bota pra fora algo que não pode mais ser só seu... apenas explicita o que pode ser só - só ser.
Aquilo que é - e só é... é essência só.
Meu caro poeta... essencial, é o que vem somente aos meus olhos? Porém os meus olhos não possuem as suas (autor) lentes de criação. Minhas lentes (leitora) são de interpretação.
ResponderExcluirE aí vai uma provocação: podemos ser apenas uma interpretação daquilo que não temos? Será que temos, e mais, se temos por que não produzimos tanto quanto poderíamos ou gostaríamos? O que nos impede de produzir àquilo que não experimentamos?
"Essência só", será?
Ser (ponto).
ResponderExcluirSer (...) pente,
Ter (dois pontos):
Ter (...) mente,
Ser (ponto).
Ter (dois pontos):
Se você é - (.)
Se você tem - (:)
O que é que você tem?
Poeta... se sou, se tenho, quem garante quem é o outro?
ResponderExcluirSe conhecemos os outros através de lentes internitentes - conscientes e cientes (?) - é possível que nos conheçamos de fato? Fato é, que nos reconhecemos no outro, nossas personas, nossos símbolos. Mas, por que não nos desvelamos em nosso próprio processo (introspectivo e subjetivo), não diante de tantos outros processos?
Então, quem sou, se não sou? Se não sou como posso ter? Alguém pode afirmar(?), (!), (.), (...)
E então, poeta?
Ser - e ponto.
ResponderExcluirTer - tem que ter dois pontos:
Se você quiser saber por que, eu conto,
Mas tem que ter paciência...
E muita imaginação.
Pois a Poesia é Reticência,
Não aceita Interrogação.
TENHO dentro de um mundo subjetivo de temores e tremores, o romper da paciência...
ResponderExcluirO leitor - É - e necessita de interrogação. O poeta - É e TEM - e necessita de reticência.
Mas, então, donde vem essa certeza de que a imaginação do poeta cabe no pensamento do leitor?
Cada poema é único, mas o que dizer das interpretações? São tantas quantas são os leitores.
Há quem busque certezas...
ResponderExcluirNão um poeta.
Certamente a imaginação do poeta não cabe no pensamento do leitor...
Pois não cabe nem na dele!
Visto que o poeta desconhece (mas reconhece) as certezas... todos nós nos alimentamos de certezas provisórias, ou seriam, incertezas permanentes?
ResponderExcluirAh, poeta, somente as palavras têm o poder de lançar tantas incertezas, tantos pensamentos, e o gozo da reflexão!
Mais outra provocação: por que os poetas escrevem versos pontuais, se eles não buscam certezas, ainda que escrevam sobre as incertezas humanas?
A poesia para o poeta
ResponderExcluirÉ a essência mais pura da vida,
Pois em tudo na vida há poesia
E todos somos poetas!
As dúvidas, certezas, ou provocações
Que quem analisa põe
Constituem passos de um caminho fugaz
Prenhe de situações
Que quem analisa não faz...
Quem lê, analisa! Sente-se tocado pela estética que se revela na interpretação. Poeta e leitor são atores nesta retórica. Orbitam em elipses convergentes, sempre nascentes e poentes, mas nunca divergentes! São crentes-entes, criação-criaturas, e estão nus de armaduras!
ResponderExcluirSão passos fugazes, ASes-asas, mas "Mente&Versos" são produtos de imaginários transpessoais.
Se prenhe DE versos e EM versos (inversos?), por que um analista-leitor sente o desafio de transgredir o consciente, para se encontrar na subjetividade?
Eis o ponto de intersecção (como na mutação de Franz Kafka, será?), não se "é" POETA, mas sim se compõe em prosas e versos. Vejam que, todos somos poetas e leitores, e analistas de palavras, quando colocamos nossos pensamentos em versos (Mimesis), como se fossemos notas musicais, procurando equilíbrio nas entrelinhas de uma clave de sol (Dó, Ré, Mi, Fá, Lá, Sol, Si).
ResponderExcluirApresento aqui a metamorfose necessária para destituir papeis: do poeta e do leitor-analista, visto não haver nem um nem outro.
Afinal de contas... "o poeta é o sedutor das palavras, que se deita no divã para absorver o bem viver, pois o seu ofício de escrever co-evolui ante o improvável recorte interpretativo."
Eis o momento subjetivo exato para compor mais poesia (...)